Imprimir esta página
09 de Fevereiro de 2018

Quaresma: Oração, Jejum e Esmola

          Prezados irmãos e irmãs, chegou o momento de vivenciarmos o tempo litúrgico da Quaresma que nos recorda a misericórdia de Deus. A quarta-feira de cinzas, abre este tempo de oração, esmola e jejum, que são exercícios espirituais fundamentais para uma melhor vivência de fé e mudança em meio a sociedade. Por que justamente oração, jejum e esmola? A igreja recomenda a participação mais intensa e frutuosa na liturgia quaresmal e nas celebrações penitenciais e insista-se na oração pelos pecadores.

          Toda a nossa vida deveria ser uma oração, ou seja, uma comunicação com o divino em nós. A oração constitui uma abertura para Deus, para o próximo e para o mundo; um sim de acolhimento, de louvor, de conformidade. Na virtude teologal da fé, nós dizemos um sim ao Pai na obediência. Procuramos situar-nos sempre de novo dentro de nossa vocação e da nossa missão. O homem se pergunta pela sua vocação, o homem responde à sua vocação, o homem realiza em profundidade sua vocação de comunhão íntima de vida com Deus. É na oração que o homem melhor cultiva seu relacionamento de Filho com Deus, que se revela como Pai.

          Jejuar é abster-se de um pouco de comida ou de bebida. É estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e de respeito diante do alimento torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o pode escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, ideias, apegos e assim por diante. Jejuando a igreja evoca o cristo jejuando quarenta dias no deserto, o cristo em sua atitude de liberdade e de domínio sobre a natureza e sobre o mal. 

          A esmola celebra o relacionamento do homem com o seu próximo, na virtude teologal da caridade. O que significa dar esmola? Dar esmola significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, dar sem egoísmo, sem pedir recompensa, em atitude de compaixão. Nisto ele imita o próprio Deus no mistério da criação e a Jesus Cristo, no mistério da redenção. Quando, pois, na Quaresma a igreja convoca a todos os fiéis a darem esmola, ela comemora aquele que por excelência exerceu a esmola: Jesus Cristo. Convida o homem à atitude de abertura ao próximo, convida-o a dar de si mesmo, convida-o a servir ao próximo com generosidade e desprendimento. 

          A oração, o jejum e a esmola, e tantas outras práticas quaresmais se juntam ao tema da Campanha da Fraternidade, neste ano sobre a superação da violência para nos ajudar a vivenciar a nossa vida cristã e renová-la neste tempo favorável. O apelo de Cristo visa a nossa mudança interior, à transformação de nossas vidas, à conversão do coração, reorientando nossa vida para Deus e rompendo com o pecado. É a busca de acolher o coração novo! Para isso as atitudes de reconciliação, cuidado dos necessitados, confissão de nossas faltas, revisão de vida e outras atitudes nos ajudam, assim como algumas atitudes que fazem o nosso corpo também participar dessa renovação espiritual.

          Parece muito pouco o que a Igreja nos pede para tão grandes resultados, mas a intenção é que, dentro de uma orientação bastante aberta, possamos andar no caminho sincero de conversão, como, aliás, é o espírito dessa norma, pois lembra, à luz dos documentos, que mesmo os que não estão sujeitos a essas práticas, sejam formados no sentido genuíno da vida em conversão. Somos convidados a levar a sério este tempo que se abriu para nós refazendo o caminho do Êxodo e estando unidos a Cristo viver esses abençoados 40 dias de renovação interior, de vida de conversão para chegarmos purificados e renovados à Páscoa da Ressurreição, quando, no sábado santo, iremos solenemente renovar os nossos compromissos batismais.

 

 

Por: Ítalo Araújo Figueiredo – Seminarista do 3º ano de Filosofia