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03 de Março de 2018

Homilia - III Domingo da Quaresma

Leituras: Ex 20, 1-17/Sl 18 (19) /ICor 1, 22-25

Evangelho: Jo 2, 13-25

 

          Amados irmãos e irmãs, quando Deus criou cada coisa já lhe deu uma finalidade específica. Também o homem, à semelhança de Deus, quando cria algo já o faz com uma finalidade própria. Assim, o templo foi construído para ser lugar de oração, e o homem foi criado para ser templo de Deus. No evangelho de hoje, Jesus ao chegar ao Templo o encontra em desordem, os homens o haviam transformado numa feira, esquecendo-se de que o Templo é casa de oração. 

          Esta balbúrdia deixou Jesus furioso, ao ponto de fazer um chicote e expulsar os vendilhões do Templo (cf. Jo 2,14) e fazer uma advertência: “Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio” (Jo 2, 16). O que fere o coração de Jesus é o fato do lugar do encontro com Deus ter sido transformado em lugar de cobiça, que desvia o homem de Deus.

          Esta é sempre uma tentação presente no coração do homem, organizar a própria deixando Deus de lado. Para tal, o homem é capaz de profanar inclusive o que há de mais sagrado, o Templo, e a si mesmo que é templo de Deus. Quando isto acontece, o homem entra numa decadência, que em pouco tempo se transforma em violência contra si mesmo. Praticamente todos os sistemas políticos totalitários começaram a se implantar numa sociedade defendendo as seguintes idéias: o homem na condução da vida tem que deixar Deus de lado, pois Ele cuida das coisas do céu e o homem cuida das coisas da terra; agir com violência contra os mais fracos da sociedade, sobretudo daqueles que vão sofrer violência sem ter quem os defenda e sem ter como gritar.

          Esses são os dois passos que preparam uma estrutura social na qual não há espaço para Deus. E onde não há espaço para Deus não há espaço para o homem. Pois sem Deus, o homem se destrói mutuamente de forma violenta. É preciso estar em alerta, porque de modo geral, parece que a sociedade brasileira está dando passos nesta direção. Durante esta semana foram dados muitos passos jurídicos que alargaram a porta para a prática do aborto – a morte dos inocentes indefesos. Bem como, há uma verdadeira cruzada para relegar a presença da religião apenas à esfera privada. De modo que quem tem fé, parece não ter o direito de manifestar-se sobre nada. 

          Esta é a condição do homem quando expulsa Deus do templo do seu coração. Pois o coração é a sede moral do homem, aí está a sua vontade, nele se realiza as grandes decisões. Hoje Jesus faz uma comparação do Templo com o seu corpo, “Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo” (Jo 2, 21). Assim, também o corpo de cada cristão é um templo que precisa ser tratado zelosamente para tornar-se digno da habitação de Deus. 

          Por fim, será que o seu estilo de vida também não tem transformado o templo do seu corpo numa feira na qual se busca apenas interesses humanos, à despeito da finalidade que Deus lhe deu? Será que hoje Jesus não precisaria entrar no templo do seu coração com um chicote para expulsar daí os vendilhões da libertinagem, do prazer fácil, da exploração, da cobiça? Amados, não basta crer em Jesus Cristo, é preciso deixar que ele habite em vós. Porque, quando Jesus realizava os sinais em Jerusalém, muitos creram Nele. “Mas Jesus não lhes dava crédito, pois ele conhecia a todos... porque ele conhecia o homem por dentro” (Jo 2, 24). Que o zelo pela casa de Deus que é seu corpo possa te consumir. Que você seja morada de Jesus Cristo, ser os seus pés, suas mãos, sua voz. Pois Jesus lhe conhece a partir do seu coração. Amém!

 

Pe. Hélio Cordeiro

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