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17 de Fevereiro de 2018

Homilia - I Domingo da Quaresma

Imagem: Tentação de Cristo pelo artista católico Eric Armusik Imagem: Tentação de Cristo pelo artista católico Eric Armusik http://www.ericarmusik.com/

 

Leituras: Gn 9, 8-15/Sl 24(25)/IPd 3, 18-22

Evangelho: Mc 1, 12-15

 

          Amados irmãos e irmãs, estamos vivendo um tempo precioso, oportuno para descobrir nossa pequenez e a grandeza do amor de Deus. Pois percorrer a quaresma é atravessar o deserto, lugar de perigo, de tentações, lugar de purificação, mas também lugar no qual podemos encontrar a misericórdia divina. Foi no deserto, “lugar de solidão desoladora”, que o Senhor salvou seu povo. Foi no deserto que Jesus venceu as tentações do demônio, que queria fazê-lo desistir de salvar a humanidade. 

          O deserto é ainda o lugar no qual as fraquezas humanas se manifestam. À exemplo do povo de Deus que viu diante dos seus olhos todas as suas fraquezas e pecados durante os quarenta anos que esteve no deserto. Mas Deus veio em socorro de sua fraqueza e o resgatou de sua miséria. 

          Nesta quaresma o Senhor quer te conduzir por um breve deserto a ser vivido na oração, jejum e caridade, a fim de que tome consciência de tuas fraquezas, de teus pecados e queira superá-los. Para que possas resgatar, reconstruir a beleza da graça de Deus que um dia recebestes em toda sua pureza no dia do vosso batismo. 

          Quantas coisas passaram por vossa vida desde o dia em que foi batizado até hoje. Quando teus pais e padrinhos foram questionados pela Igreja à respeito do que pediam para você eles responderam a vida eterna. E de fato é isto que a graça do batismo te concede. Mas esta aliança que Deus firmou contigo em teu batismo, pode já ter sido rompida por você inúmeras vezes, quando foste submetido à tentação. Agora é hora de resgatá-la.

          A tentação é uma realidade presente na vida do cristão. Tanto que o Senhor nos ensina no Pai-Nosso a pedir para não nos deixar cair em tentação. A tentação em si é indiferente, mas se cedemos a ela caímos no pecado e na morte. A tentação atraí o coração humano porque o seu objeto é “Bom, sedutor para a vista, agradável” (Gn 3, 6), ao passo que, na realidade, seu fruto é a morte” (CCE 2847). Contudo, a tentação tem um papel, ela nos ajuda a nos conhecer melhor e nos obriga há um combate constante na oração.

          Que nesta quaresma o Senhor te permita reconhecer seus ídolos, para que possas abandoná-los. Que possas reconhecer teus pecados para que possas converter-se. Que ao final desta quaresma você não seja o mesmo cristão de antes, acomodado nos próprios pecados. É hora de acordar “o tempo já se completou e o reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no evangelho!” (Mt 1, 15)

          Por fim, renove com Deus aliança que Ele fez contigo no dia do seu batismo, e que Ele jamais abandonou, embora muitas vezes você o tenha traído com seu orgulho, com sua auto-suficiência, com seus adultérios, com suas mentiras, com suas fornicações, com seus roubos. A quaresma é tempo favorável para se abrir à graça de Deus, pois depois do deserto vem a terra prometida. Depois da cruz vem a ressurreição. 

 

Pe. Hélio Cordeiro - Formador