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24 de Fevereiro de 2018

Homilia - II Domingo da Quaresma

Leituras: Gn 22, 12-2.9-13.15-18/ Sl 115 (116B)/ Rm 8, 31-34

Evangelho: Mc 9, 2-10

 

          Amados irmãos e irmãs, Nosso Senhor Jesus Cristo, antes de ressuscitar gloriosamente, teve que passar por um duro calvário, uma dura provação, para a qual Ele precisou ir preparando os seus discípulos. É dentro desta preparação que se inscreve o acontecimento da transfiguração presente no Evangelho de hoje. Por isso Jesus levou consigo “a um lugar à parte sobre uma alta montanha” Pedro, Tiago e João. “E transfigurou-se diante deles” (cf. Mc 9, 2). 

          A transfiguração é como se Jesus quisesse dizer aos seus discípulos “eu sou homem, mas também sou Deus”. Então com o acontecimento da transfiguração Jesus aponta para a sua glória na ressurreição. Isto Jesus o faz para que na hora da provação a fé dos seus discípulos não desfalecesse, na hora da cruz. Pois a paixão de Jesus haveria de colocar à prova os seus discípulos, aqueles que haviam depositado Nele sua esperança. Daí a advertência do Senhor: “Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos” (Mc 9, 9). 

          Assim, fica evidente que os discípulos do Senhor só compreenderam de fato quem Ele era após a sua ressurreição, quando Ele apareceu glorioso diante deles. De modo que seus discípulos tiveram que fazer um percurso de fé marcado por etapas de amadurecimento, por provações, até chegar a uma fé madura capaz de compreender o fato da ressurreição. Que é a chave de leitura de toda a vida cristã.

          Para amadurecer na fé os discípulos percorreram as seguintes etapas: primeiro veio o chamado do Senhor. Depois do chamado inicia-se um tempo de seguimento e escuta, de estar atento àquilo que o Senhor diz (cf. Mc 9, 7), pois suas palavras são palavras de vida eterna (cf. Jo 6, 68). Depois do tempo de escuta, seguiu-se o momento de abandonar as ilusões, e passar a seguir o Senhor pelas razões legítimas, para alcançar a vida eterna. “Em verdade, em verdade, vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes” (Jo 6, 26). E por fim, uma etapa determinante, a etapa da cruz, que lançou quase a totalidade dos seus discípulos na desilusão. Veem ser flagelado diante dos seus olhos, Aquele que os convenceu a deixar tudo para segui-lo. Nesta etapa os discípulos vivem a noite escura da fé. Pois neste momento, as palavras de Jesus à respeito da ressurreição se apagaram da memória dos discípulos. 

          Mas após o abalo da fé, vem o reencontro da mesma, quando o Senhor ressuscita e se mostra glorioso aos seus discípulos “É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” (Lc 24, 33). De modo que a fé dos discípulos só ficou completa depois de percorrer todas estas etapas. 

          Amados irmãos e irmãs, do mesmo modo a nossa fé só será completa quando fizermos o mesmo itinerário dos discípulos. Temos que nos sentir chamados pelo Senhor, temos que segui-lo, temos que escutá-lo, temos que abandonar as ilusões passageiras, vamos viver sofrimentos e provações. Mas a nossa fé só será completa quando também fizermos a experiência da ressurreição. 

          Por fim, podemos fazer a experiência da ressurreição tanto sacramentalmente, quanto existencialmente. Experimentamos a ressurreição quando confessamos e voltamos à vida da graça. Experimentamos a ressurreição quando participamos da Eucaristia, no dia em que fomos batizados. E ainda experimentamos a ressurreição quando, passamos por grandes sofrimentos e provações, e as percorremos sem perder a fé ou ainda sustentado por ela. À Exemplo de Abraão que guardou a sua fé mesmo quando o Senhor lhe pediu seu filho único. 

 

Pe. Hélio Cordeiro - Formador

 

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