Imprimir esta página
09 de Dezembro de 2015

Homilia da Missa do Jubileu de Diamante de Pe. Oscar

Sessenta anos de vida sacerdotal! Bodas de diamante! Sessenta anos de fidelidade, lutada, é verdade, mas protegido pela graça de Deus: chego a este topo agradecido pela fidelidade dAquele que me chamou, apesar de minhas muitas limitações.
Estou hoje aqui com vocês louvando o Senhor. Magnificando-o por estes anos todos que tenho vivido ao serviço da Igreja, muitos dos quais ao serviço da formação dos sacerdotes. Destes sessenta anos, mais da metade (33 anos), estive neste querido Seminário de Brasília, desde 1980 o abracei com o amor que Deus me reservava nesta “Terra de Santa Cruz”, quando meu provincial daqueles anos, o Pe. Dorris PSS, pediu-me para vir a Brasília.
Tem sido 35 anos, com uma interrupção de ano e meio (de junho de 1988 até janeiro de 1990, anos em que servi ao Seminário São Pedro Apóstolo em Cali na Colômbia). Não posso queixar-me de minha vivência aqui: desde os primeiros passos na língua de Camões, a “ última flor do Lácio inculta e bela”, como falou alguém. Aprendida no carinho e na dedicação de Dona Terezinha e seu esposo, Talharbas Martins, dos quais guardo maravilhosas lembranças. É verdade que minha fala não é clássica, sempre disse que não tenho o dom das línguas, porém, a generosidade deste povo querido sempre foi compreensiva: ”Dá para entender padre”. Até hoje misturando um pouco num portunhol, penso que ainda é inteligível.
Tenho acompanhado em parte, a totalidade do caminho de muitos sacerdotes desta Arquidiocese. Engatinhava ainda o seminário quando cheguei; inaugurado em 25 de março de mil novecentos setenta e seis, cheguei aqui começando seu quinto ano, segundo de teologia, em mil novecentos e oitenta.
Tenho visto chegar ao sacerdócio os alunos fundadores: dois para esta arquidiocese –  José Belo e Joaquim Benedito da Silva; Kincas para Rubiataba; e Tobias Feitosa para Vitoria da Conquista – os abandeirados de uma plêiade de jovens que amadureceram seus “Sim” e chegaram ao sacerdócio.
São bastantes mais de cento e cinquenta para Brasília, sua província eclesiástica, e outros de muitas outras dioceses. Posso ficar contente de poder oferecer hoje este belo feixe da colheita na seara do Senhor. Espero que pela generosa misericórdia do Senhor, possa entrar feliz e agradecido a gozar do seu reino preparado para os seus servidores.
Meu sacerdócio desenvolveu-se sob um lema tirado da Carta aos Efésios, (cap. 1, v. 14), mas chegado a mim através da leitura e meditação dos escritos de uma carmelita, que foi para mim uma guia espiritual desde que a conheci: a beata Elisabete da Trindade – Laudem gloriae – (No louvor de sua glória). A presença real e teológica do Deus Trindade, naquele que vive na graça (inhabitação) “Viremos a ele e faremos morada dentro dele”. Essa presença tem sido a minha companhia nos momentos de solidão e desânimo; é o incentivo a permanecer fiel no meu celibato, já que sou um templo onde moram o Pai, e o Filho, e o Espírito Santo.
E Maria, minha mãe, sempre foi a minha protetora: fui batizado a dois de fevereiro de 1931, que na época era a festividade de Nossa Senhora das Candeias. Fiz a primeira comunhão no dia 16 de julho, festa de Nossa Senhora do Carmo; fiz meus estudos no seminário de Nossa Senhora do Rosário de Manizales; recebi minha ordenação sacerdotal no dia 21 de novembro, festa da  companhia dos  Padres de são Sulpicio: a Apresentação de Nossa Senhora no templo; meu primeiro campo de apostolado foi o colégio diocesano de Nossa Senhora; a paróquia  da Imaculada Conceição de Salamina; o seminário menor de Nossa Senhora do Rosário; Pároco de Nossa Senhora do Sagrado Coração da Arquidiocese.
Não foi minha meta ser professor, mas o Senhor me colocou desde os primeiros anos neste serviço; nos quatro anos no Seminário Menor nasceu em mim a vocação sulpiciana. Depois de servir sete anos na minha arquidiocese, com a permissão do meu bispo, no ano 1962, fui aceito para fazer a experiência na Companhia dos Padres de São Sulpício. Viajei ao Canadá, e depois de fazer o que poderíamos chamar de noviciado, no mês de agosto de 1964, hoje faz cinqüenta e um anos que fui inscrito como membro da “Petite compagnie”. Nossa pequena sociedade, como as vezes a chamamos, cujo carisma é o de promover e ajudar na formação inicial e permanente do clero. Segundo a vontade de nosso fundador, o Pe. Jean Jacques Olier (1608 – 1657), que queria ajudar os bispos da França que ainda não tinham cristalizado a vontade do concilio de Trento com respeito à fundação dos seminários como lugares de formação do clero diocesano. No começo seriam 12, como os doze apóstolos; iam à diocese, solicitados pelo bispo; fundavam o seminário, e logo quando estava em boa função, o entregavam à direção do clero da diocese. Vendo os resultados, os bispos pediram que se deixassem os padres, que em colaboração com o clero da diocese, continuassem no seminário; assim, fomos obrigados a aumentar o número inicial dos membros da sociedade.
Estou falando demais; porém, quero sublinhar a festa da Apresentação de Nossa Senhora que celebramos hoje. Foi nosso fundador que, meditando este episódio na vida da Santíssima Virgem, viu nela um modelo para aqueles que, chamados ao sacerdócio, entravam no seminário para encher-se de Deus.
Agradeço a todas as pessoas que se fizeram presentes hoje nesta comemoração dos meus sessenta anos de vida sacerdotal:
Aos senhores bispos, ao senhor arcebispo Dom Sérgio, aos seus auxiliares, e a todos os outros ex-alunos desta casa que se fizeram presentes. Só o Senhor Deus pode lhes retribuir. Nas minhas orações, estarão sempre presentes.
Também agradeço aos sacerdotes que foram meus alunos, àqueles a quem ajudei na direção espiritual a “formar Cristo em vós”;
Aos seminaristas de nosso seminário, esperança da Igreja;
Aos amigos das Equipes de Nossa Senhora, especialmente minha querida Equipe quatro a quem tenho acompanhado durante mais de trinta anos e foram como a minha família.
Às comunidades Neo-catecumenais de quem tenho recebido muito espiritualmente.
A meus irmãos companheiros de trabalho, sulpicianos, assim como os do clero de nossa arquidiocese, que compartilhamos as horas de tensão e os triunfos de nossos alunos.
Não posso esquecer as irmãs da Sagrada Família de Maria, que tem dedicado parte de sua vida a nos servir com carinho e generosidade. Aos empregados desta casa que fazem possível nosso conforto.
Ao grupo Serra que dedicam sua vida à oração e ajuda às vocações, graças a eles visto hoje esta bela casula. 
A todas as pessoas, as que de alguma maneira me sinto ligado.
Não quero deixar ninguém fora de minhas orações de agradecimento:
Deus os abençoe a todos e cumule de suas graças. Espero que continuem a orar para que eu possa permanecer fiel até o fim.
Esta comemoração é compartilhada com as Bodas de Prata da ordenação do Padre reitor Pe. Marco Antônio Forero Reyes PSS. Sinto-me feliz de participar com ele desta comum celebração; estes últimos anos tem sido um amigo e, sobretudo, nele tenho tido um irmão, um filho que vela por meu bem estar. Obrigado Pe. Marco pelo seu serviço ao seminário de Brasília e pela sua sincera amizade.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Oscar Duque Estrada PSS, 60 anos de vida presbiteral.