Formação

29 de Agosto de 2021

Homilia: 22º Domingo do tempo comum

Sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes” (Tg 1, 22)

    Deus, quando nos chamou à vida, nos cumulou de todos os dons necessários para uma vida de comunhão com Ele e com os irmãos e para a nossa salvação. Embora o pecado tenha ofuscado e continue a obscurecer estes dons em nosso coração, pela palavra de Deus, pelo auxilio da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, podemos percorrer o caminho de uma “religião pura e sem mancha diante de Deus” (Tg 1, 27).

    Já estamos nos aproximando do mês de setembro, no qual a Igreja dedica especial atenção à Palavra de Deus, através da qual podemos nos alimentar dos tesouros de Deus e conhecer o mistério de Jesus Cristo. A esta palavra São Tiago nos exorta a recebe-La com humildade, sem pretensão de compreendê-la de imediato, sem superstições, com abertura de coração, deixando que ela nos reconduza a Deus. Sendo não apenas ouvintes, mas praticantes da Palavra. Quem procurar praticar a palavra aprofunda a sua comunhão com Deus e seu comprometimento com o próximo.

    São Tiago nos diz que esta Palavra “é capaz de salvar as vossas almas” (Tg 1, 21). Ah! Se compreendêssemos isso, não passaríamos um só dia sem beber nesta fonte de salvação que é a palavra de Deus, não passaríamos um domingo sequer sem ouvir esta Palavra proclamada pela Igreja na sua Divina Liturgia, com todo o povo de Deus reunido.

    Nós católicos precisamos valorizar mais a Palavra Deus contida nas Sagradas Escrituras e na Sagrada Tradição e ensinada pelo Magistério da Igreja. A Palavra de Deus é um privilegiado instrumento para formar o coração do homem para Deus e para libertá-lo da contaminação do mundo e dos apegos a exterioridades inúteis, que passam como o vento. Mas para compreendermos a Palavra na sua profundidade, temos que lê-la em comunhão com a fé da Igreja.

    Um coração que não se deixa formar pela Palavra de Deus muito facilmente termina contaminado pela mundanidade e pelos diversos desvios apontados no evangelho de hoje. Nosso coração precisa ser formado para uma reta comunhão com o Senhor e para um sincero empenho em favor do bem, sobretudo dos que mais sofrem. Como nos exorta a carta de São Tiago: “a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1, 27).

    É esta ausência de um coração voltado para Deus e comprometido com o próximo que Jesus condena nos fariseus e nos mestres da Lei. Pois eram profundamente conhecedores da Lei, ciosos do seu cumprimento nos mínimos detalhes, mas negligenciavam os pobres, os doentes, as viúvas, os órfãos, os esfomeados, os prisioneiros. Se preocupavam com o modo de lavar as mãos, enquanto não se empenhavam para eliminar do seu meio as imoralidades, os roubos, os assassínios, os adultérios, as fraudes, as ambições desmedidas, a calúnia, o orgulho, a falta de juízo e a inveja.

    Todos estes vícios nos rodeiam, por isso, se faz necessário ir formando o coração segundo à Palavra de Deus, para que eles não nos dominem, vindo a nos afastar de Deus e da sua vontade. Deus quer habitar nosso coração, para que nossas ações transformem o mundo a nossa volta, nossas famílias, nossas paróquias, dioceses, o ambiente de trabalho, as universidades, as escolas.

    Hoje a Palavra nos convida a olhar para o nosso interior, a formá-lo segundo a sua Palavra, a orientá-lo para Deus. Porque, se nosso coração não está orientado para Deus, nosso mundo exterior se degenera, e aos poucos até nossa aparência exterior começa a corromper-se. O Senhor espera que nossa vida interior e exterior seja um reflexo da sua presença, do seu agir, do seu amor, da compaixão para o mundo.

 

Pe. Hélio Cordeiro

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