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24 de Outubro de 2021

Homilia 30º Domingo do Tempo Comum

“Vai, a tua fé te curou” (Mc 10, 52)

     Caríssimos irmãos e irmãs, no dia do nosso batismo recebemos da Igreja o dom da fé, que por sua vez nos dá a vida eterna. Porém, há muitos entre nós que tem alimentado a sua fé, com a oração, com a meditação da Palavra de Deus, com a vida sacramental, sobretudo a confissão e a Eucaristia. Estes são como aqueles que receberam os talentos do Senhor o multiplicaram. Outros, pelo contrário, a fé que recebeu no batismo está à beira da falência ou encontra-se já falida, porque não oram, não escutam a Palavra de Deus não tem vida sacramental, não se empenham no amor. Estes são como aqueles que receberam os talentos do Senhor e o enterraram. Tais serão tratados com rigor diante da justiça divina, porque desprezaram o seu amor.

    Para nos ajudar no caminho da nossa fé somos hoje presenteados com o belo testemunho de fé de Bartimeu, homem marcado pelo sofrimento, pela cegueira e pela pobreza, pois era “cego e mendigo”. Mas, não obstante estas provações tinha ouvidos abertos, e não perdeu a oportunidade, quando o Senhor passou por sua vida: “Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: ‘Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!’” (Mc 10, 47).

    Somente o fato de ter ouvido falar que Jesus passava por ali, foi suficiente para suscitar a fé no coração deste pobre homem. Uma fé que transformou radicalmente a sua vida, tirando-o da prostração. Antes que Jesus passasse por sua vida, vivia “à beira do caminho”, depois que foi tocado pelo Senhor, tornou-se um discípulo, porque, à partir de então “seguia Jesus pelo caminho” (Mc 10, 52).

    Jesus mesmo se encarrega de reconhecer o valor da fé de Bartimeu, que outrora era cego e pobre: “Vai, a tua fé te curou” (Mc 10, 52). A qualidade da fé de Bartimeu nos dá a ocasião de que precisamos para refletir sobre a qualidade da nossa fé.

    Quando não permitimos ser imobilizados pelas dificuldades, pelos limites que temos, pela pobreza, pelas enfermidades, pelo medo, pela vergonha, o Senhor vem em nosso socorro. Mas temos que ter a coragem de Bartimeu e, no meio da tempestade gritar pelo Senhor: ‘Filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10, 48). Mas não podemos nos esquecer quem clama por piedade diante do Senhor, precisa ter a fortaleza para escutar o pedido de piedade por parte do próximo.

    A fé em Jesus Cristo tem potencial para nos curar por inteiro, para nos levar da cegueira à visão, da indigência à riqueza dos que tem a Deus como seu maior tesouro, para nos arrancar da prostração e nos colocar a caminho.

    Se porventura você se encontra na prostração, imobilizado pelos pecados, pelos problemas da vida, cego porque perdeste de Deus, da Igreja, da sua família; volta para o Senhor! Ele voltará para ti! Se tua fé está falida, deixa Cristo reacende-la em sua alma com sua graça. Mas para tal tu não podes se acostumar com a cegueira, com a indigência, com o pecado, com a ignorância, não te acostume com uma vida sem Deus.

    O Senhor caminha conosco e quer que caminhemos com Ele, Nele encontramos a força necessária para vencermos o mal que nos ameaça, que ronda o nosso coração. A força do discípulo, do cristão, não é a política, não são as armas, não é a violência, não é a força. Como proclama Neemias: “a alegria de Iahweh é a vossa força” (Ne 8, 10). É Nele, com Ele que venceremos o mal em nós e fora de Nós. Quando temos fé no Senhor, Ele nos cura do ódio, do desejo de vingança, da violência. Ele nos ajuda a perdoar, a agir com mansidão, a querer vencer o mal com o bem, a superar o ódio pelo amor. Pela fé, caminhando com o Senhor, podemos encontrar a cura necessária para as feridas do corpo e da alma, mas é preciso ter a humildade de gritar ao Senhor: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10, 47). E ser obedientes fazendo o que Ele nos pedir: “’Vai, a tua, fé te curou’. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho” (Mc 10, 52). Na fé em Nosso Senhor Jesus Cristo está a nossa salvação. O que vai além disso não passa de bravata humana.

 

Pe. Hélio Cordeiro

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