Formação

23 de Novembro de 2021

33º Domingo do Tempo Comum

“Vinde, Senhor Jesus!”

    A existência cristã se faz neste mundo em meio a uma tensão entre um mundo que está passando e a feliz expectativa de um mundo que está por vir, cuja inauguração se dará com a vinda gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo no fim dos tempos. Esta é nossa esperança, por isso, somos chamados a viver neste mundo como peregrinos, como servos que estão esperando o seu Senhor voltar.

    Assim, na medida em que nos aproximamos do final do ano litúrgico e nos aproximamos do tempo do advento e do natal, no qual celebraremos a primeira vinda do Senhor, na simplicidade e na pobreza humana; a liturgia começa a nos advertir que este mesmo Senhor virá uma segunda vez em sua glória para julgar os vivos e os mortos.

    Não é por acaso que na divina liturgia da Igreja encontramos uma breve oração que é um belo resumo do que deve ser a vida do cristão neste mundo: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”. Ser cristão é anunciar ao mundo a morte redentora de Nosso Senhor Jesus Cristo, fonte de salvação e de reconciliação para nós pecadores. Como nos diz a segunda leitura, Cristo ofereceu um sacrifício único pelos pecados (cf. Hb 10, 12).

    Somos reconciliados pelo único sacrifício redentor de Cristo. Este sacrifício a Igreja o renova e o atualiza todos os dias quando celebra a Eucaristia. Por isso que a Santa missa é o coração da vida cristã. Não há nada neste mundo que possa nos trazer reconciliação, perdão, ou que possa emendar as injustiças causadas por nós. Somente em Jesus encontramos a graça da justificação, da justiça capaz de sanar todo mal cometido pelo homem no mundo.

    O segundo movimento que aparece nesta oração é proclamar, “Proclamamos a vossa ressurreição”. O mistério pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo é um mistério de morte que redime e da ressurreição que nos dá a vida nova, aquela que permanece para sempre. Precisamos proclamar ao mundo, com as palavras e com a vida, que o Senhor ressuscitou e que aqueles que lhe são fiéis também haverão de ressuscitar para a vida eterna.

    Por isso, não nos assustemos com a imagem decadente deste mundo, ele está fadado à ruína, que em muitos aspectos já se faz visível. Somente o Senhor pode restaurar a imagem decadente da criação. Como nos diz o evangelho: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mt 13, 31). Somente o amor de Deus por nós não passa.

    Há muitos que tem a pretensão de fazer deste mundo um paraíso. Sem dúvida, como cristãos, temos que dar o melhor de nós para o aperfeiçoamento deste mundo, sobretudo com o cuidado com os mais fracos, com os doentes e idosos, com os pobres e com o meio ambiente. Porém, sem a ilusão de achar aqui temos morada permanente. Pois a transitoriedade é própria da criação, somente Deus é eterno.

    Não nos enganemos “O céu e a terra passarão”, pois é necessário que passe o mal que aqui reside para que possa prevalecer o bem e a bondade que vem de Deus. É preciso que este mundo passe para que a maldade, as injustiças e pecados, sejam purificados no crisol da justiça divina. É preciso que passe as trevas deste mundo para que prevaleça a luz de Cristo e se evidencie a pureza dos justos que foram severamente desprezados e perseguidos, quando não mortos pelo mistério da iniquidade que aqui habita. É preciso que passe o mundo dos homens com suas pompas e devaneios que se possa estabelecer o mundo de Deus, fundado no amor, na verdade, na graça, na humildade e na justiça. Não nos enganemos o triunfo do mal e do ódio, diante de Deus é apenas aparente, como muitos pensaram que a cruz teria sido a derroto de Nosso Senhor, mas não contavam com a força da sua ressurreição.

    Para que este mundo passe é preciso que o Senhor venha, por isso nossa súplica constante: “Vinde, Senhor Jesus!” Nós o esperamos, vinde salvar o mundo do cinismo, da soberba, da injustiça, da opressão, da indiferença, vinde cumprir suas promessas, sua palavra. Vinde, Senhor Jesus! Trazer-nos a alegria de um mundo segundo a medida do seu amor, não mais moldado pela iniquidade e cegueira humana, que nesse nosso tempo tem chegado a níveis de perversidade e desordens sem medida. Vinde, Senhor Jesus! Não obstante nosso pecado, dai-nos a graça da conversão para que assim possamos apressar a hora da vossa vinda. Vinde, Senhor Jesus!

 

Pe. Hélio Cordeiro

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